Opinião
Menos um pelotão na BM?
Prefeita eleita Paula Mascarenhas propôs ao comandante Menuzzi reunião para rediscutir o assunto
Divulgação -
A Brigada Militar (BM) fechou o último pelotão montado da Zona Sul. E, de novo, a culpada é a crise. Ela existe, certamente, e bate à porta do cidadão, a cada dia, de um novo e inesperado jeito. Mas não pode ser usada como pretexto para tudo. Diante dela, procurar saídas impensadas - e/ou mais corajosas - é fundamental. E, no caso da BM, tristemente optou-se pelo caminho mais lógico e fácil: colocar fim à “cavalaria”.
Mesmo que a justificativa de cortar gastos públicos e evitar maiores prejuízos financeiros seja, à primeira vista, coerente, não há como deixar de considerar o óbvio: qualquer redução na área de segurança pública, ainda que mínima, reforça o sentimento de medo com o qual o pelotense tem-se habituado, custosamente e à força, a conviver. Pode parecer pouco, mas oito cavalos e seis policiais a menos nas ruas sempre serão oito cavalos e seis policiais a menos nas ruas.
A afirmação do responsável pelo Comando Regional de Policiamento Ostensivo do Sul (CRPO-Sul), tenente-coronel Nelson Menuzzi, que procura explicar os porquês do fechamento do pelotão, soa órfã de pai e mãe, fragilíssima: “Os militares (do Pelotão Montado) atuavam apenas em dias de jogos de futebol, Carnaval e demais eventos ao ar livre. Agora serão mais PMs nas ruas.” Devagar com o andor... Há uma pergunta prévia, tomando-se como verdade a fala do tenente-coronel: por que os PMs do grupamento não eram utilizados diariamente no policiamento ostensivo? Por que sua atuação restringia-se a jogos de futebol e outros eventos ao ar livre?
Pois foi este o estranhamento da vice-prefeita e prefeita eleita de Pelotas, Paula Mascarenhas (PSDB), ao tomar conhecimento pelo Diário Popular do fechamento do pelotão. Tal estranhamento fica manifesto em ofício enviado por Paula, como prefeita em exercício, ao comandante do CRPO-Sul. “Está referido pela BM que o pelotão é útil apenas em momentos como futebol ou Carnaval. Entretanto, não é o que se observa em outras cidades brasileiras, como São Paulo, ou mesmo em grandes metrópoles do exterior, como Nova York ou Londres, que utilizam quotidianamente o policiamento ostensivo a cavalo no controle dos índices de violência urbana”.
Paula, que já anunciou a intenção de criar a Secretaria de Segurança Pública de Pelotas, foi além do mero estranhamento e propôs ao comandante Menuzzi reunião para rediscutir o assunto. “Reconhecemos as dificuldades de manutenção dos equinos, mas acreditamos ser possível viabilizar conjuntamente alternativas que não contribuam para desfalcar ainda mais a segurança pública municipal. Estamos dispostos, se for o caso, a tratar do assunto, na companhia de V. Exa., com o Comando Geral da BM e com o Sr. Secretário César Schirmer, no sentido de evitar o que consideramos ser um prejuízo para nossa segurança coletiva”.
Com certeza, a Associação Rural de Pelotas (ARP), por exemplo, poderia somar-se aos esforços para manter o pelotão em atividade. Se o problema maior são os cuidados veterinários que exigem os oito cavalos da BM no município, haverá certa facilidade em resolvê-lo.
Paula deu o primeiro passo ao mostrar estranhamento e propor parceria para pensar em solução conjunta. Poderia ter lavado as mãos, já que a segurança pública é, constitucionalmente, dever do governo estadual. Poderia, mas não o fez. Bom para a cidade.
Resta a esperança - ativa e vigilante - de que o tenente-coronel Menuzzi agora reconsidere a decisão. E imprima nova dinâmica ao Pelotão Montado.
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